Por Diego
Ferreira*
A
presença do grupo Caixa Preta na CURA é bastante significativa por se tratar de
um grupo que abriu portas e possibilidades da representatividade de muitos
artistas negros da cidade Porto Alegre se enxergarem no palco e ver que é
possível estar nesse espaço também e ser representativo. O Caixa Preta também
foi o responsável de realizar o Matriz - Encontro de Arte de Matriz Africana em
Porto Alegre, importante encontro que promoveu encontros, espetáculos e
reflexões que com certeza teve desdobramentos que muitas vezes não conseguimos
nem mensurar mas o que é possível perceber que a cena gaúcha está mais negra e
isso é reflexo destas iniciativas. Assistimos “Ori Oristéia” por questões
técnicas que impediram de acontecer outra ação agendada. Rever o trabalho faz
resgatar toda teatralidade que é muito característica nos trabalhos do grupo
dirigido por Jessé Oliveira. Assistimos o espetáculo em formato digital numa
gravação com uma câmera fixa e de um plano geral, o que para o espectador que
não assistiu a montagem de modo presencial impede de perceber expressões e
nuances dos atores que no presencial são fantásticos e que envolve o espectador
justamente por isso. Mas neste formato percebemos o pulso forte que Jessé tem
enquanto encenador e vislumbramos toda a engrenagem cenográfica que utiliza
vários planos. Conseguimos captar também o canto forte do elenco e uma gama de
imagens que recriam o universo da trilogia Orestéia recriadas aqui por um
universo pop aliados ao universo dos ritos de matriz africana. Esteticamente é
potente e extremamente atual e espero ansioso que o Caixa Preta retorne aos
palcos juntamente com toda a sua pesquisa séria de linguagem que faz dele um
dos grupos mais emblemáticos do nosso teatro.
Direção:Jessé
Oliveiras
Assistente
de direção:Juliano Barros
Elenco
/ Performers:Adriana Rodrigues, Diego Nayà, Éder
Rosa, Glau Barros, Juliano Barros, Marcelo de Paula, Mariana Marmontel, Pâmela
Amaro, Viviane Juguero e Wagner Madeira
Dramaturgia:Viviane
Juguero
Argumento: Jessé
Oliveira
Consultoria
teórica:Barbara Kastner (Alemanha)
Trilha
sonora original:Viviane Juguero e Grupo Caixa Preta
Colaboração
nos arranjos e sonoplastia:Wagner Madeira e Diego Naià
Consultoria
musical: Álvaro RosaCosta
Cenário:Rodrigo
Shalako
Artista
Gráfico:Waldemar Max
Iluminação:José
Luis Fagundes Kabelo
Assistência
em preparação corporal:Éder Rosa
Direção
de Produção e Elaboração do Projeto:Jessé Oliveira Produção
Produção:Silvia
Abreu
Duração:1h55
min
Classificação: 14
anos
*Diego Ferreira é Graduado em Teatro/UERGS. Escreve críticas no blog Olhares da
Cena. Integrante da GIRADRAMATÚRGICA – Grupo de Estudos em Dramaturgia Negra.
Integrante do Grupo de Estudos em Dramaturgia de Porto Alegre coordenado
por Diones Camargo. Foi jurado no Prêmio Olhares da Cena. Foi jurado do Prêmio
Açorianos de Teatro em 2013 e 2018. Professor de Teatro na Unisinos e
Unilasalle.