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"A lenda da cobra grande" do Grupo Só Deus sabe, de Maquiné foi uma grata surpresa dentro da programação do Festival Montenegro em Cena. Um espetáculo repleto de acertos e méritos, a começar pela adaptação do texto homônimo de Carlos Carvalho, uma grande brincadeira, levada muito a sério pela equipe da peça. A concepção do espetáculo prima pelo detalhe, demostrando que com competência e criatividade se consegue realizar um bom espetáculo, e "A lenda da cobra grande" é muito bom teatro.
A dramaturgia adaptada pelo Rodrigo Azevedo é transformada em ação, através de um trabalho que conseguiu amarrar muito bem todos os elementos da cena para contar esta história. O texto se utiliza de uma metalinguagem onde as atrizes estão ensaiando uma peça para contar a lenda da cobra grande, mas quando dão-se conta, já estão no centro da cena realizando a apresentação para o público.
O jogo e a brincadeira estão presentes em todo trabalho, assistimos a muitas cenas de coro, de grupo, que são feitas e desfeitas de modo orgânico, coletivo, tranquilo. Os figurinos de Marli Munari e Rodrigo Azevedo, além de bonitos, são extremamente eficazes na composição das cenas, pois o material, textura e cor consegue um jogo muito equilibrado com a pontual iluminação que torna a cena esteticamente bela. Outro acerto é a ambientação cênica, equilibrada e funcional, sendo que as caixas de madeira conseguem contribuir muito no desenrolar da trama, aliadas as projeções realizadas através do teatro de sombras, que poderia ser um pouquinho mais aproveitada de tão bom que era. A solução encontrada para materializar a cobra com a silhueta da cabeça e o corpo com as caixas verdes é de extremo bom gosto e criatividade, impactando o espectador e com elementos tão simples e este é um dos méritos da produção, conseguir potencializar materiais e adereços tão simples tirando o máximo de teatralidade deles. Existem ainda outros elementos que auxiliam na concretização da encenação como o tecido ao fundo onde aparecem as cabeças das pessoas que a cobra engoliu, as velas, as mascaras, além da sonoridade que é muito precisa e bem executada. Duas cenas que para mim são destaque: a divertida cena do gol com as placas costuradas nas saias das atrizes, criativa e surpreendente, e a cena da procissão com as velas que além de ser linda é engraçada.
Parabéns ao elenco que é homogêneo, onde todas as atrizes estão muito bem em cena, super a vontade sem estar apenas seguindo as marcas propostas pela direção e parabéns ao Rodrigo Azevedo que consegue criar um espetáculo limpo, criativo, com soluções criativas e surpreendentes que fazem o espectador embarcar nesta viagem bonita que é o universo teatral.
Ficha Técnica
Duração: 40 minutos Diretor: Rodrigo Azevedo
Autor: Carlos carvalho
Contra-regra: O grupo
Sonoplasta: O grupo
Criador da trilha sonora: O Grupo
Iluminador: Rodrigo Azevedo
Criador da iluminação: Rodrigo Azevedo
Maquiador: Rodrigo Azevedo
Criador da maquiagem: O Grupo
Figurinista: Marli Munari e Rodrigo Azevedo
Cenógrafo: O Grupo
Elenco:
Joana Dalpiaz
Alícia de oliveira
Diessica
Fabiana Stefen Munari
Renata
Izadora Gonçalves
Thassia lemos
Luisa Lemos
Ivana Munari
Diego Ferreira - Comentador Crítico do I Montenegro em Cena