quinta-feira, 24 de novembro de 2022

BICHOLÓGICO (RS)


    PEQUENO QUEBRA-CABEÇA DE INVENÇÃO

*por Diego Ferreira    

"Bichológico" é uma pequenina peça de teatro voltado para a primeira infância. Um trabalho estimulante no sentido da recepção pois evidência o jogo teatral a partir de um divertido jogo de criação que provoca os pequenos espectadores num verdadeiro quebra-cabeças de invenção. O espetáculo parte do livro homônimo de Paula Teitelbaum e ganha vida nas mãos de Dilmar Messias, um mago do teatro dirigido a infância que está a frente do Circo Teatro Girassol a tantos anos e que segue nos presenteando com grandes obras cênicas, como é o caso de "Bichológico", que eu chamaria de pequenina obra de arte, pelo tamanho e extensão, porém de uma grande dimensão por direcionar a sua criação a uma faixa etária que precisa ser estimulada imageticamente e criativamente desde a tenra infância. E é exatamente que a produção faz através da presença da atriz Débora Rodrigues que é quem nos conduz nessa aventura de contar as pequenas histórias e montar e desmontar as as criaturas quer fazem parte da narrativa a partir da composição com figuras geométricas criadas com coloridos materiais sustentáveis e reciclados, que desenham e criar formas que geralmente são utilizadas como estímulo na educação infantil para desenvolver noções de espaço, coordenação motora, e memória visual. 
    Penso que o grande mérito dessa produção é justamente todo o conceito que a produção carrega de sustentabilidade e a manipulação das figuras que a priori são muitos simples, mas se tornam potentes pela forma, inteligência e criatividade com que são empregadas.  Nessa sentido Diego Steffani a frente da direção de arte foi muito feliz na construção dos elementos de "Bichológico", desde a escolha dos materiais, cores e formas, e também na questão das cores, onde se destaca o branco e depois as cores vão tomando conta do palco como se fosse uma grande tela de arte sendo preenchida pelas cores do cenário, figurino, das formas geométricas e todos os elementos utilizados. 
    Dilmar Messias conduz Débora Rodrigues que encanta a platéia pela leveza, equilíbrio e pela corporeidade com que emprega para a criação e transição das figuras. Sozinha em cena é a responsável por dar vida a inúmera figuras extremamente criativas. Acompanhando a cena temos a trilha de Cláudio Levitan que pontua aos quadros e auxilia na criação das narrativas. "Bichológico" é uma "jóinha" teatral voltada para a infância.      










FICHA TÉCNICA 
Com: Débora Rodrigues Baseado no livro de: Paula Taitelbaum Música de: Cláudio Levitan Arranjos: Kiti Santos Direção de Arte: Diego Steffani Iluminação: Anderson Balheiro Fotografia: Claudio Benevenga Fotografia Arte Gráfica: Pomo Estúdio Direção: Dilmar Messias


 *Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Integrante da Comissão Julgadora do 9º Concurso Nacional de Dramaturgia Carlos Carvalho promovido pela Coordenação de Artes Cênicas da Prefeitura de Porto Alegre. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

GABINETE DE CURIOSIDADES (RS) - CRÍTICA

PONTE AFETIVA ENTRE ESPECTADOR E A CENA

                                                                                                                      *por Diego Ferreira

 

    

    "Gabinete de Curiosidades" é uma ode ao teatro, uma celebração, um ato de paixão a arte de representar. O espetáculo trás  reflexões sobre o papel do ator na sociedade,  através do encontro entre duas figuras Oneirópolos e Disoíonos, idosos residentes num asilo em Corruptúnia, um país imaginário, assim como o tempo que se passa em 2040. E como vemos no espetáculo, tempo e espaço nem tão imaginário assim de acordo com a narrativa apresentada e o paralelo com o Brasil atual. E é justamente sobre isso que gostaria de ressaltar, a força do teatro e o seu poder de transformação, e que essa força não acontece somente no palco, mas se esvai na platéia e se estabelece no cotidiano das pessoas principalmente pelos temas abordados na produção. 
    O eixo principal da narrativa proposta por Gilberto Schwartsmann evidencia o jogo teatral dos velhos atores e suas tentativas (e frustações) de criar um espetáculo original através de textos clássicos da dramaturgia mundial para concorrer a um prêmio público e isso por si só, já justifica a ida ao teatro. Mas juntamente com o eixo principal acompanhamos outras sub-narrativas que versam justamente sobre o envelhecimento da sociedade e a urgência de colocarmos esse tema em discussão, ainda mais no meio artístico, onde a busca pelo novo é sempre uma obsessão. Então colocar a história desses dois idosos em cena abre espaço para dialogar sob o viés do envelhecimento artístico, e é justamente ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências. 
    Arlete Cunha e Zé Adão Barbosa são representantes já algum tempo do que há de melhor no nosso teatro, seja pelo seu trabalho na atuação mas também como figuras que carregam consigo uma representatividade ética com que encaram os seus trabalhos. Ambos profissionais experientes e que de certo modo refletem a vida dos personagens retratados no espetáculo, até mesmo porque alguns dos personagens retratados na dramaturgia já se materializaram nos palcos através desses atores. E mais uma vez a dupla de atores nos arrebatam com suas atuações e modo como nos conduzem nesse gabinete de curiosidades. Dois grandes atores com duas grandes atuações que nos levam do riso as lágrimas, através da humanidade com que encaram as suas criações, e isso nos toca de um modo muito afetivo e particular.
    E o mesmo serve para Luciano Alabarse com sua visão apurada de encenador que enxerga a cena como um todo, de um olhar atento e inspirador. Um desafio de ousadias e significações teatrais justamente por evidenciar a carpintaria teatral na cenografia, nos figurinos, iluminação e nas atuações. É teatro, puro teatro, mas também é vida real, vida vivida, vida experimentada. É teatro que transborda personalidade e identidade que está está impregnada na encenação, onde os atores em vários momentos se voltam para eles mesmos, saindo dos personagens clássicos evocados pelos atores da ficção, mas também pelos próprios atores Zé Adão e Arlete e esse jogo faz com que a crítica se instale, um raio x do fazer teatral, uma construção de uma ponte afetiva entre o espectador e a cena possibilitando a reflexão, o senso crítico e o lugar do fazer artístico e da recepção teatral. 
    Um belo espetáculo com sua imponente cenografia e iluminação que estão a serviço da encenação. Assim como a descoberta de um novo dramaturgo Gilberto Schwartsmann, que evoca em sua escrita uma visão apurada sobre o fazer teatral, uma verdadeira aula repleta de citações que faz com que os apaixonados pelo teatro se aproxime da produção afetivamente. 

FICHA TÉCNICA COMPLETA

Dramaturgia: GILBERTO SCHWARTSMANN Direção: LUCIANO ALABARSE Elenco: ARLETE CUNHA e ZÉ ADÃO BARBOSA Participação: FERNANDO ZUGNO Iluminação: MAURÍCIO MOURA e JOÃO FRAGA Técnico de luz: ANDRÉ HANAUER DE FREITAS Trilha Sonora: LUCIANO ALABARSE Operação de Som: LUIZ MANOEL e MANU GOULART Figurinos: ANTONIO RABÀDAN Cenário: LUCIANO ALABARSE Cenotécnico: RODRIGO SHALAKO Acessório Lustre: DANIEL JAINECHINE Assessoria de Imprensa: CÁTIA TEDESCO e MAUREN FAVERO (Agência Cigana) Projeto Gráfico: DIDI JUCÁ Coordenação de Produção: LETÍCIA VIEIRA Produção Executiva: JAQUES MACHADO Produção Geral: PRIMEIRA FILA PRODUÇÕES

*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Integrante da Comissão Julgadora do 9º Concurso Nacional de Dramaturgia Carlos Carvalho promovido pela Coordenação de Artes Cênicas da Prefeitura de Porto Alegre. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

OS DOIS E AQUELE MURO (RS) CRÍTICA




LABIRINTO DE EMOÇÕES DIANTE DO MURO

 "Os dois e aquele muro" é a nova produção da Cia Halarde. E assim como em trabalhos anteriores como a bem vinda trilogia homoafetiva  que incluía os espetáculos “Anjo da Guarda” (2014),  ”Entre nós” (2013) e  “Dois de paus” (2011) a Cia retoma nessa produção temas que em pleno século 21 já deveriam não serem mais tabus, mais ainda são justamente por causa desses muros, dessas barreiras que ainda permanecem na sociedade, ainda mais nesses tempos onde o ódio e todos os tipos de preconceito insistem em permanecer principalmente por causa do governo autoritário e descabido que inacreditavelmente tem muitos seguidores que insistem em varrer da sua frente tudo o que não se encaixa em seus devidos "valores morais" e isso inclui a relação entre dois homens que é o enredo deste espetáculo. 

Quando assisto o espetáculo a primeira questão que se sobressai é que se trata sobre um relacionamento e toda a problemática que essa relação pode trazer, independente de ser uma relação hétero ou homossexual. Mas creio que é justamente aqui que aparece esse muro intransponível que o título trás, que pode ser uma barreira material ou metafórica. Esse muro, parede forte que protege ou defende um lugar do outro, ou até mesmo separa, segrega. E eu creio que o texto de Ed Anderson, que alias é um belo texto e ponto para Paulo Guerra que nos apresenta esse autor baiano com uma dramaturgia que é um dos grandes destaques da produção, pois ao mesmo tempo que é um texto direto, cru, que vai desvelando as agruras desse relacionamento que está começando, ao mesmo tempo Ed Anderson nos oferece um texto que tem muita coisa sublinhada, muitas questões nas entrelinhas, no que sai da boca dos personagens e no que chega aos nossos ouvidos e de que forma chega, como internalizamos cada palavra e frase desse texto, que carrega em si múltiplas camadas que vai da intimidade desse casal até mesmo a temas e assuntos atuais. E o mérito do texto é que ele aborda uma relação real, sem estereótipos ou panfletagem, sem meandros, o que o torna universal. Existe um clima, uma tensão entre os personagens, uma construção textual que consegue partir desse clima de primeiro encontro, uma energia boa, de festa, alegria, até ir para um clima de sedução, de disputa de poder que constrói e principalmente sustenta uma tensão que se intensifica e vai até o final desse espetáculo. Mérito do Paulo Guerra que mais uma vez consegue entregar ao público uma produção esmerada, que pensa a cena em todos os detalhes como a iluminação, o cenário, a trilha sonora e até mesmo toda a parte de divulgação do espetáculo. Paulo Guerra ao longo dos anos sempre nos trás em suas direções tanto para o público adulto como nos trabalhos dirigidos a infância espetáculos que equilibram a estética com a ética dos temas abordados, uma visão de encenador muito peculiar que torna cada trabalho especial. E juntamente com Juliano Passini e Renato Santa Catharina conseguem nos situar nesse labirinto de emoções, através de atuações seguras dos atores. Outro destaque da produção é o cenário de Jony Pereira que cria uma série de artefatos que faz com que os móveis se transformem em cena assim como os personagens que como simulacros vão se moldando ao longo da trama. Entendo o papel da arte enquanto construção política e esse espetáculo é de grande importância para a cena gaúcha para fruição do espectador pela qualidade, mas também uma importante ferramenta para reflexão justamente pela narrativa, pois o país vive uma onda conservadora tamanha que o espetáculo é também um grande passo para destruição desse grande e imponente muro que insiste em se manter em pé. 

FICHA TÉCNICA

Direção......PAULO GUERRA Texto.........ED ANDERSON
Elenco...RENATO SANTA CATHARINA (LÚCIO)
JULIANO PASSINI (JONAS)
Cenografia...JONY PEREIRA
Figurinos... ANTONIO RÀBADAN
Assistentes de figurinos......JEAN CIVA /
GABRIELA MACEDO / JÚLIA ABRUZZI
Trilha sonora original...BEN-HUR BORGES
Iluminação.......ANILTON SOUZA
Design.....JEAN CIVA e JÚLIA ABRUZZI
Divulgação....LAURO RAMALHO
Máscara “Ganimedes”...LUCAS STREY
Coreografia...RENATA STEIN
Fotos...RAUL KREBS e RODRIGO NUNES
Bilheteria.....GIOVANI SANTOS
Produção executiva....PAULO GUERRA
Realização...CIA HALARDE DE TEATRO


*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Integrante da Comissão Julgadora do 9º Concurso Nacional de Dramaturgia Carlos Carvalho promovido pela Coordenação de Artes Cênicas da Prefeitura de Porto Alegre. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. 


segunda-feira, 20 de junho de 2022

AS PRINCESAS E O PRÍNCIPE ENCANTADO (RS) - CRÍTICA

 



PRODUÇÃO INFANTIL ATUALIZA CLÁSSICOS

por Diego Ferreira*

    "As Princesas e o Príncipe Encantado" é um musical Infanto-juvenil que recria e atualiza alguns personagens clássicos do nosso imaginário. Uma produção da Falcão Produções Culturais que cumpriu curta temporada de sucesso no Teatro Bruno Kiefer. O espetáculo reúne alguns arquétipos dos clássicos infantis já conhecidos e são encenados a partir de um ponto de vista crítico e moderno, buscando outro olhar sobre as ações dos personagens enquanto indivíduos sociais. Os contos de fadas tiveram sua ascensão no século XVII, na França. Autores como os irmãos Grimm foram precursores de histórias arrebatadoras disseminadas de geração em geração, contudo, com uma análise mais crítica da origem dessas narrativas, é possível perceber profundas alterações que o gênero sofreu ao longo do tempo, mudanças feitas para diminuir o impacto negativo das histórias originais. Muitas vezes nosso olhar sobre clássicos é apenas da abordagem feita pela Disney, onde se cria uma visão quase sempre romantizada de temas e narrativas. Os contos de fadas pertencem à literatura infantil, mas nem por isso deixam de encantar pessoas de várias idades ao redor do mundo. Considerados clássicos da literatura mundial, os contos de fadas têm origem em tempos remotos e nem sempre se apresentaram como os conhecemos hoje. O aspecto fantasioso e lúdico que hoje os envolve surgiu da necessidade de minimizar enredos controversos e polêmicos, próprios de uma época em que a civilização ainda não havia inventado o conceito que hoje conhecemos tão bem: a infância. E justamente sobre a infância na atualidade que a produção mira ao colocar em cena essa narrativa atualizando alguns clássicos. 
    Manuela Falcão e Duda Falcão tem consciência disso e transpõe para o palco uma versão dramaturgicamente simples, mas eficaz, que conseguem prender a atenção das crianças e lança um certo frescor ao texto, algumas piadas trazem referências contemporâneas — as risadas vindas da plateia confirmam: a modernização é bem-sucedida. Porém isso não é suficiente quando se pretende atualizar clássicos e desconstruir estereótipos, ainda mais se tratando de infância. Brilhante a ideia de descontruir a "Branca de Neve" e trazer a " Preta da Terra" e também a representatividade de um rei negro que é pai de um príncipe branco, mas somente isso infelizmente não basta quando realmente queremos abordar esses temas pois são essenciais e merecem uma atenção maior, pois não basta apenas colocar atores negros em cena sem uma profundidade que realmente alcance as crianças e a partir disso talvez consigamos de fato dialogar sobre representatividade. Percebo a boa intenção dos realizadores, mas apenas isso não basta, mas sim uma narrativa que justifique de forma concreta o enegrecimento destes personagens. É importante na linguagem infantil reforçar imagens de modo lúdico e o teatro tem esse poder, assim como as crianças tem a capacidade de compreender o que está posta ali. Por outro lado o espetáculo consegue se comunicar muito bem com o seu público principalmente pelo esmero da produção que um espectador mais atento consegue perceber o quanto o trabalho foi pensado em todos os detalhes até chegar na recepção. 
    Destaque para o elenco que conseguiu construir figuras tão conhecidas do público em geral, mas se utilizando de particularidades que conseguem captar o espectador de hoje. Todos os atores estão bem em cena, mas destaco o nome de Adriana Lampert, no papel da Feiticeira, que personifica a vilã do clássico infantil porém trás uma abordagem que trás graça e empatia conseguindo um resultado brilhante em sua composição. Já conhecíamos Lampert de outros espetáculos e sua experiência é colocada aqui nesse trabalho e se sai muito bem. Outro destaque é o Thiago de Souza nas figuras do Rei e Fotógrafo que consegue se desdobrar em dois personagens e faz isso com grande mérito, com presença e voz potente. E também a Pamela Machado como a Preta da Terra que assim como Thiago trás essas personagens com uma leitura que evoca a representatividade, mas o ator e a atriz conseguem colocar-se na cena com uma presença e voz que percebo nascer no corpo fugindo um pouco do estereótipo do imaginário do teatro infantil. Guilherme Scalon, Juliana Katz, Juliana Strehlau e Tamires Mora completam o elenco e tem trabalhos bons de construção das personagens e internalização da narrativa. Se o elenco é o destaque da produção, não poderia deixar de citar os figurinos de Titi Lopes que são mega criativos e consegue criar cada peça com cores, estampas e formas de modo fabuloso, estando dentro da estética do espetáculo e que saltam aos nossos olhos. Se elenco, direção e figurinos são pontos altos da produção e estão alinhados, a trilha sonora deixa um pouco a desejar pelo fato de a produção ser apresentada como um musical infanto-juvenil e a trilha é cantata parte ao vivo e parte gravada, porém muitas vezes os atores não conseguem alcançar o mesmo registro da base gravada, parecendo que a voz gravada não é a mesma cantada ao vivo pelos atores. E isso de certo modo atrapalha a fruição do espetáculo. Mas tirando esse detalhe técnico da produção "As Princesas e o Príncipe Encantado" é ótima opção para todas as platéias pois é dinâmico, divertido e merece ser assistido por quem gosta de teatro bem feito, bem produzido e de qualidade. 

Ficha técnica: Adaptação de texto: Manuela Falcão e Duda Falcão Direção: Manuela Falcão Figurinista: Titi Lopes Coreógrafa: Lupê Gomes Cenógrafo: Jair Thiago Iluminador: Alexandre Saraiva Trilha Musical: Cozme Arte Gráfica: Maestra - Marcelo Prates Fotos: Marco Panichi Assistente de Produção: Nanna Monaco Produção Geral: Falcão Produções Culturais Elenco: Adriana Lampert – Feiticeira Guilherme Scalcon - Príncipe Juliana Katz – Cinderela Juliana Strehlau – Aventureira Tamires Mora – Bela Adormecida Thiago de Souza – Rei e Fotógrafo Pâmela Machado – Preta da Terra



*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. indicado em três categorias no Prêmio Açorianos 2021.




quarta-feira, 8 de junho de 2022

PRÉDIOS ESPELHADOS MATAM PASSARINHOS (RS) - CRÍTICA




15 ANOS DE RADICALIDADE TEATRAL


* por Diego Ferreira

Confesso que a cada estréia do GrupoJogo crio grandes expectativas, sei que não deveria, pois a expectativa poderia se transformar em frustração. Mas não foi o que ocorreu, pois já disse diversas vezes que esse coletivo sempre inova e surpreende em suas ações. E eis que nesse ano em que o grupo marca os seus 15 anos de atividade teatral surge “Prédios espelhados matam passarinhos” marcando a data comemorativa e também a retomada presencial.  O espetáculo parte do mito de Sísifo para abordar as relações de trabalho contemporâneas. As personagens se encontram imersas em um contexto no qual novas tecnologias e vínculos empregatícios se interseccionam. O mito trás Sísifo, homem que desafiou os deuses e quando capturado sofreu uma punição para toda eternidade, ele teria de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo; a pedra então rolaria para baixo e ele novamente teria que começar tudo. Recomeçar, eis uma das metáforas que diz muito sobre o momento e o trabalho, um recomeço, um renovo, um retorno ainda dentro de uma pandemia. Vemos em Sísifo o ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como o herói absurdo. Não obstante reconheça a falta de sentido, Sísifo continua executando sua tarefa diária. Assim como no mito o GrupoJogo se utiliza desse disparador para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhadores em empregos fúteis em fábricas e escritórios. O operário de hoje trabalha todos os dias em sua vida, faz as mesmas tarefas. Esse destino não é menos absurdo, mas é trágico quando apenas em raros momentos ele se torna consciente. E justamente essa metáfora do mito que é explorada na produção através de uma dramaturgia criada em sala de ensaio, onde o que interessa não é apenas o texto em sua forma escrita, mas uma dramaturgia que se preocupa com os mecanismos da cena e com dinâmicas utilizadas na composição que interferem na construção do trabalho. Gabriel Pontes é o responsável pela dramaturgia e também pela direção audiovisual e isso diz muito sobre o que assistimos, os cortes, a narrativa dos diálogos, a narrativa audiovisual e a narrativa dos corpos. Lógico que enxergo o pulso criativo de Alexandre Dill que assina a direção deste trabalho e mais uma vez a frente do GrupoJogo coloca em cena um trabalho que destila teatralidade evidenciando uma corporeidade, fisicalidade e uma cena pautada num universo imagético que instiga o espectador a criar seus sentidos através de cenas curtas, rápidas e performáticas. "Prédios espelhados matam passarinhos" é uma combinação perfeita entre técnica, estética, força poética e politica. Uma experiência radical que coloca a técnica teatral a prova sem deixar de lado uma contestação que provoca nosso olhar a desvelar as relações de trabalho mas também ampliando esse olhar que nos leva a radicalizar essa percepção do olhar de cá, do olhar do espectador do teatro, que não está apenas sentado ali, na poltrona, no escuro do teatro procurando uma experiência lógica mas sim uma experiência sensorial, que além de nos provocar esteticamente também vai nos provocar socialmente, e esse trabalho provoca o nosso olhar a despertar sobre de como as relações sociais permeiam a sociedade de hoje e onde nos colocamos nisso. Os intérpretes Gustavo Susin, Guilherme Conrad, Lucca Simas, Louise Pierosan, Vicente Vargas e Júlia Moreira colocam seus corpos a prova e destilam técnica sustentada por um olhar crítico para o mundo de hoje, e esse olhar é manifestado através de um corpo dilatado em cena, um corpo-político que fala, que grita e emana através do gesto uma força que se transforma em poesia visual. Existe um texto, um contexto, existe ali uma narrativa que nos guia, mas é inegável que é essa performance estética e visual que coloca o corpo e presença do interprete no centro da cena aliado a perfeita combinação de elementos da composição teatral como a excelente iluminação, trilha sonora, cenografia e vídeos que detonam a tônica e tornam a experiência viva e emocionante que é essa nova produção do GrupoJogo.  

E por que lembrar a trajetória e memória desse coletivo é importante? Porque "Prédios espelhados matam passarinhos" é demonstração de que arte se faz com inquietação, investigação, técnica e persistência. Assim como "Play-beckett", "A noite árabe", "Deus é um DJ", "Medeamaterial", "Tremor" e tantos outros trabalhos que alia muita técnica sustentada por um olhar para o mundo de hoje que é, ao mesmo tempo, político e poético, é fragmentado, imagético e tecnológico. Então assistir ao GrupoJogo é saudar a resistência que é a de produzir teatro no sul do Brasil, e não apenas produzir, mas sustentar um produção pautada pela qualidade, criatividade e inteligência de sempre, sem deixar de lado as convicções artísticas do grupo.

 FICHA TÉCNICA COMPLETA

Direção e cenografia

Alexandre Dill

Dramaturgia e direção audiovisual
Gabriel Pontes

Intérpretes Gustavo Susin, Guilherme Conrad, Lucca Simas, Louise Pierosan, Vicente Vargas e Júlia Moreira Desenho de luz e fotografia Henrique Strieder Participação em áudio Thainá Gallo Figurino e trilha sonora grupoJOGO Gerente de tráfego e mídias Gustavo Wagner Operação de luz Isabel Ramil Produção
GRUPOJOGO

*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. indicado em três categorias no Prêmio Açorianos 2021.



sábado, 14 de maio de 2022

DE PROFUNDIS - EPÍSTOLA IN CARCERE ET VINCULIS (RS) - CRÍTICA



ATUAÇÃO ÉTICA EVOCA OSCAR WILDE
   
                                                      *por Diego Ferreira

A cena teatral pós isolamento social devido a pandemia tem nós revelado gratas surpresas e uma delas é esse solo de Elison Couto numa produção do Circo Girassol. O trabalho surpreende primeiro por resgatar a obra de Oscar Wilde e tudo o que ele representa, principalmente em tempos de cerceamento de liberdades num Brasil onde a ode as violências é exaltado e aplaudido por um governo autoritário e parte da sociedade. Oscar Wilde foi um dos melhores autores de seu tempo quando foi condenado à prisão, em 1895, numa acusação que remetia à sua homossexualidade, considerada crime na época. Enquanto estava encarcerado, o autor escreveu uma carta a Lord Alfred Douglas, com quem mantinha uma relação que foi o estopim para sua prisão. Intitulada De profundis, a carta, amarga, traz uma reflexão a respeito da ética, com a linguagem de um grande escritor, um homem cuja vida não seria mais a mesma após os anos de encarceramento, mas cuja obra permaneceria por séculos como um cânone da literatura. Outra grata surpresa além do resgate de Wilde é a atuação de Elison Couto que nos surpreende com todas as suas potencialidades de ator colocadas ali na cena. Como é bom ver um ator em cena que exerce seu ofício de modo ético, no sentido de comungar e partilhar com o espectador um modo particular e íntimo de sua entrega enquanto ator. Consegue a partir de sua presença construir um universo de muitas camadas através da narrativa proposta. Elison está entregue de corpo, alma e voz, sim e que voz, um ator que emite uma voz potente, articulada que tem uma consciência na emissão de cada palavra dando peso, voz e energia fazendo com que o espectador acompanhe uma narrativa visual mas também uma narrativa que passa pela oralidade principalmente pela presença luxuosa da pianista Elaine Foltran Cordella que o acompanha no palco e faz algumas inserções musicais, o que me possibilita fechar os olhos em alguns momentos e ouvir o texto e a musicalidade da poesia de Oscar Wilde somadas a interpretação de Elison Couto e a musicalidade de Cordella. É óbvio que o espetáculo trás uma estética que concatena a maquiagem, a iluminação, o figurino e o cenário que molda literalmente o corpo do ator ganhando vida em cena, mas o ator e sua presença em cena são soberanos e torna o espetáculo um trabalho de ator, digamos um ator competente e maestro da cena dirigido por Dilmar Messias que completa 50 anos de trabalho e que juntamente com seu filho Gabriel Messias conseguem extrair o melhor de Wilde e Elison. Talvez um único porém da montagem é que em alguns momentos essa própria poesia que está presente na cena faz com que o espetáculo caia numa linearidade de ritmo, uma cadência que não chega a atrapalhar, mas creio que a própria construção dramatúrgica poderia provocar sobressaltos que provocasse e afetasse o espectador de outros modos, mas isso é apenas uma opinião, e como disse não atrapalha em nada a fruição de "De Profundis" que coloco como uma maravilhosa surpresa dessa retomada do teatro gaúcho. 



Ficha Técnica:
Autor: Oscar Wilde 
Dramaturgia e Direção: Dilmar Messias
Codireção: Gabriel Messias
Elenco: Elison Couto
Direção Musical: Fernando Cordella 
Direção de arte, cenário e figurinos: Diego Steffani
Iluminação: Anderson Balieiro
Arte: Pena Cabreira
Design Gráfico: Pomo Estúdio
Maquiagem: Denise Souza 
Direção Audiovisual e Montagem: Gabriel Messias

                     

*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002. Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica. indicado em três categorias no Prêmio Açorianos 2021.


terça-feira, 26 de abril de 2022

O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO - NOSSO RICARDO III - CRÍTICA

 



VISÃO ALEGÓRICA DE ACORDO COM O NOSSO TEMPO

                                                     Por Diego Ferreira*


“O inverno do nosso descontentamento – nosso Ricardo III” é uma visão atual e particular da tragédia Ricardo III do Shakespeare, e não apenas uma visão, mas afirmo que trata-se de uma reinvenção iluminada da obra do bardo. Creio que não existe momento melhor para trazer a tona o contexto contido na obra. No Brasil atual vivemos um momento de muito descontentamento no que tange a política e obvio que isso reflete em todos os campos da sociedade. Vivemos em tempos de guerras, de autoritarismo, de tiranos que fazem o que for necessário para chegar ao poder e manter-se por lá, independente do que for necessário fazer, inclusive a tentativa de acabar com a democracia. E essa visão da Cia Teatro ao Quadrado juntamente com a presença de Luciano Alabarse, de certo modo expressa todo o nosso descontentamento parafraseando o título do espetáculo.  Ricardo III é o primeiro protagonista de Shakespeare a alcançar um status icônico e viver, por assim dizer, por direito próprio; ele domina a própria peça em sua ascensão implacável ao poder, lembrando muito um genocida autoritário tupiniquim, e esse gancho foi extremamente articulado na montagem, tanto é que tem cenas hilárias (riso de nervoso) que trazem a figura deste inominável.

Marcelo Adams é um ator-supremo, um camaleão que se transforma de acordo com a platéia a que se dirige. Já tive o prazer de vê-lo em outras tantas interpretações memoráveis como “Édipo” e também no espetáculo “Os homens do triângulo cor de rosa” que na minha opinião tinha sido talvez o melhor trabalho de atuação que assisti do Marcelo e um dos melhores trabalhos do grupo, quiçá um dos melhores espetáculos do nosso teatro, mas que bom que os anos passam, e a maturidade chega ( e entenda maturidade tanto de vida quanto profissional) e eis que mais uma vez o ator nos arrebata com um tour de force que impressiona do inicio ao fim do espetáculo. Assim como a imagem de Hamlet com a caveira é icônica, Ricardo III é marcado pela deformidade física; sua vilania se traduz também em seu corpo. E é justamente esse corpo que é a tônica da produção. Um corpo moldado ali, na frente do espectador, assim como o oleiro molda o barro, e talvez seja essa a metáfora que melhor qualifica o trabalho de Marcelo e Margarida nessa produção, ou seja, esse corpo/barro, moldado pelas mãos do oleiro/Alabarse que ao longo da produção vai se construindo e esvaindo no tempo/espaço mas impregnando a nossa compreensão através da narrativa posta em cena. Marcelo Ádams no papel título está deslumbrante em sua composição e a forma ética que constrói o seu trabalho é impressionante, mas impossível não se curvar ao trabalho de Margarina Leoni Peixoto que pauta o seu trabalho na criação de figuras que orbitam o universo construído por Ádams, que muitas vezes nem falas ou texto tem, porém a sua presença é de uma energia magnetizante que bastam para preencher todos os espaços possíveis do palco. A interpretação de Margarida é tão marcante e tão meticulosa que em muitos momentos ela rouba o foco com sua presença silenciosa porém poderosa, com suas construções hilárias e tocantes como a figura da criança. 

O texto Shakespeareano está lá em toda sua glória, começando com “Este é o inverno de nosso descontentamento”, assim como “Um cavalo! Um cavalo! Meu reino por um cavalo!”, perfeitamente dentro de contexto, apesar da existência de um espaço inóspito cheio de macas e restos de hospitais, palanques e cavalos, sim cavalos de brinquedo, muitos cavalos. Assim como a dramaturgia, o cenário nos coloca num lugar de deformidades, de pedaços, de fragmentos que denunciam toda uma doença que a humanidade está inserida e clamando por cura e esse olhar cirúrgico dos criadores do espetáculo nos mostram que através da arte, principalmente uma arte política, seja o principal caminho para uma cura coletiva e não somente isso, mas a abertura de um diálogo que retome o caminho no fortalecimento da democracia. Uma encenação que nos oferece uma visão alegórica de acordo com o nosso tempo sobre a ascenção e queda da tirania ao poder. A ascenção já assistimos e vimos no que deu, agora estamos aguardando a queda do genocida tupiniquim e ela está próxima. 


FICHA TÉCNICA: Encenação: LUCIANO ALABARSE Atuação: MARCELO ÁDAMS e MARGARIDA PEIXOTO Dramaturgia: LUCIANO ALABARSE, MARCELO ÁDAMS e MARGARIDA PEIXOTO, a partir de A tragédia do rei Ricardo III, de William Shakespeare Produção executiva: JAQUES MACHADO E LINCOLN CAMARGO Figurinos: ANTONIO RABÀDAN Cenografia: LUCIANO ALABARSE Iluminação: MAURÍCIO MOURA e JOÃO FRAGA Trilha sonora pesquisada: MARCELO ÁDAMS e LUCIANO ALABARSE Operação de sonoplastia: LUIZ MANOEL Produção: CIA TEATRO AO QUADRADO e LUCIANO ALABARSE Identidade visual: DÍDI JUCÁ Costureira: MARIA JOSÉ LEONI Divulgação: AGÊNCIA CIGANA Fotografias: ALISSON PHERNANDES Realização: CIA TEATRO AO QUADRADO 20 ANOS


*Diego Ferreira é Dramaturgo, Diretor, Professor e Crítico Teatral. Graduado em Teatro UERGS/2009. Estudou Letras na FAPA/2002.  Coordena o Núcleo de Dramaturgia do RS. Editor do blog Olhares da Cena. Professor do Espaço do Ator e da extensão na UNISINOS. Produziu “Três tempos para a dramaturgia negra no RS” contemplado no edital Diversidade nas Culturas da Fundação Marcopolo. Vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro 2021 na categoria Ação Periférica.  indicado em três categorias no Prêmio Açorianos 2021.


 




terça-feira, 5 de abril de 2022

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O 12º PRÊMIO OLHARES DA CENA - 2022


 

Prezado Produtor


Em 2022 o Prêmio Olhares de Cena chega a sua 12º edição e para marcar esta data estamos organizando mais uma edição para contemplar os profissionais das artes cênicas do estado. Diante disso, caro produtor, te convidamos a participar deste momento de retomada juntamente conosco.
Para que possamos assistir ao seu espetáculo solicitamos que preencha o formulário online, com antecedência e tempo hábil para que possamos assistir seu trabalho.
Como não temos nenhum tipo de apoio, solicitamos a produção 5 (cinco) cortesias para que os avaliadores possam assistir ao seu espetáculo.
Qualquer dúvida nos contate premioolharesdacena@gmail.com


REGULAMENTO

As Categorias e Critérios

1. O Prêmio Olhares da Cena é destinado aos profissionais de Teatro e Dança do estado que tenham realizado temporada em Porto Alegre entre 1º de abril e 15 de dezembro de 2022. Podem concorrer espetáculos de Dança, Teatro Adulto e Infanto - Juvenil, realizados na rua, teatros ou espaços alternativos, assim como performance, musicais e espetáculos híbridos que contemplem as diversas linguagens cênicas, assim como espetáculos resultantes de cursos de formação. E a novidade é a manutenção da categoria TEATRO DIGITAL, que em função do pandemia decidimos manter para os trabalhos produzidos nesse período. Para a categoria TEATRO DIGITAL os trabalhos serão avaliados através do link do espetáculo encaminhado aos jurados.
2. Na impossibilidade de o júri assistir a todos os espetáculos da temporada, seus integrantes terão autonomia para definir critérios com o objetivo de avaliar o maior número possível de produções.
3. O número mínimo de apresentações para que o espetáculo seja elegível aos prêmios é de 03 apresentações.
4. A divulgação do resultado será realizada no início do ano seguinte à temporada em questão.

5. São 15 categorias:

A – PROJETO ESPECIAL
B - MAQUIAGEM
C – DESIGN GRÁFICO/IDENTIDADE VISUAL
D – FOTOGRAFIA DE CENA
E – TRILHA SONORA
F – ILUMINAÇÃO
G - CENÁRIO
H - FIGURINO
I - ATRIZ COADJUVANTE
J – ATOR COADJUVANTE
K – ATRIZ / BAILARINA
L – ATOR / BAILARINO
M – DRAMATURGIA
N – DIREÇÃO
O - ESPETÁCULO

6. Os autores concorrem com dramaturgia autoral ou adaptação.

7. Além das categorias, o Prêmio Olhares da Cena de Teatro, a cada ano fará uma Homenagem Especial a uma personalidade da área teatral.

As Indicações

8. A comissão indicará no máximo cinco concorrentes em cada categoria. O vencedor será escolhido, portanto, entre os indicados.

A Comissão Julgadora / Escolha

9. A comissão julgadora - será composta de no mínimo, três pessoas, convidadas pelo Olhares da Cena entre artistas, personalidades ligadas ao teatro e ao mundo cultural, críticos, etc
Parágrafo 1 - É vedado a qualquer membro da comissão votar e ser premiado em qualquer categoria de espetáculo do qual tenha participado.

Porto Alegre, Março de 2022.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

VENCEDORES DO 11º OLHARES DA CENA - Edição 2020/2021

 


TEATRO ADULTO

 

HOMENAGEM

Claudio Etges

PROJETO ESPECIAL

MOSTRA CURA DE ARTES CENICAS NEGRAS DE PORTO ALEGRE

INOVAÇÃO DIGITAL

GRUPOJOGO de Experimentação Cênica

TRILHA SONORA

Vitório O. Azevedo – HIPERGAIVOTA

ILUMINAÇÃO

Casemiro Azevedo – MANUAL PARA NÁUFRAGOS

FIGURINO

Gustavo Diestmann - MANUAL PARA NÁUFRAGOS

ATRIZ / PERFORMER

Hayline Vitória – A ÚLTIMA NEGRA

ATOR / PERFORMER

Paulo Flores – QUASE CORPOS – EPISÓDIO I: A ÚLTIMA GRAVAÇÃO

DRAMATURGIA

Ana Luiza da Silva e Jezebel De Carli, colaboração: Vika Schabbach – TERRA ADORADA

DIREÇÃO

Tainah Dadda - MANUAL PARA NÁUFRAGOS

ESPETÁCULO POP 

A ÚLTIMA NEGRA

ESPETÁCULO / VÍDEO – TEATRO e afins

MANUAL PARA NÁUFRAGOS

 

TEATRO INFANTO-JUVENIL

 

PROJETO ESPECIAL

JU e JU EM TEMPOS DE ISOLAMENTO

TRILHA SONORA

Márcio Petracco, Pedro Rocha Petracco e Francisco Harzheim Petracco – SR. ESQUISITO

FIGURINO

Cia Gente Falante - XIRÊ DAS ÁGUAS – ORAYEYÊ ÔH

 ILUMINAÇÃO

Cia Gente Falante - XIRÊ DAS ÁGUAS – ORAYEYÊ ÔH

ATRIZ

Pam Magalhães – ZULEKA, E O TESOURO DO PIRATA CARECA

ATOR

Phill - PAPO DE CRIANÇA

DRAMATURGIA

Viviane Juguero e Jorge Rein - PETECA PIÃO E PIQUE PESSOA

 DIREÇÃO

Arlete Cunha, Evandro Soldatelli e Rodrigo Vrech - SR. ESQUISITO

ESPETÁCULO POP

ZULEKA E O TESOURO DO PIRATA CARECA

ESPETÁCULO / VÍDEO – TEATRO e afins

PAPO DE CRIANÇA

 

 

DANÇA

 

INOVAÇÃO DIGITAL

ENTRE

TRILHA SONORA

Thiago Ramil - VERNIX

FIGURINO

Luiz Augusto Lacerda - O FEMININO SAGRADO

ILUMINAÇÃO

Voltaire Barbieri – ASPECTO IN

BAILARINA/ PERFORMER

Rita Rosa Lende – PEÇA

BAILARINO / PERFORMER

Guilherme Gonçalves – ASPECTO IN

DIREÇÃO

Renata de Lélis - VERNIX

ESPETÁCULO POP 

A CASA VAZIA

ESPETÁCULO/ VÍDEO-DANÇA/PERFORMANCE e AFINS

VERNIX