quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

CUNHÃS (RS)

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ALEGORIA TEATRAL RETRATA MULHERES FORTES

por Diego Ferreira*

“No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena da minha mãe, e ninguém deu parabéns a meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse um sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê dos meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.” 


O fragmento acima é um depoimento de Malala Yousafzai e dá o tom de "Cunhãs - Histórias de mulheres que inspiram" espetáculo do Coletivo Panapaná de Canoas. O espetáculo retrata histórias de mulheres fortes que a seu modo marcaram a história justamente por suas lutas em diversas áreas. Além de Malala surgem outras mulheres fortes como Frida Kahlo, Maria da Penha e Domitila de Chungara, e se mostra um trabalho forte, de pesquisa embasada que mergulha na vida e obra destas mulheres. Etimologicamente "Cunhã" significa mulher, esposa, companheira e o Panapaná se propõe a buscar, ressignificar e expressar a voz muitas vezes caladas destas mulheres. Partindo disso, o espetáculo se torna uma celebração festiva, política e reflexiva que oscila entre momentos que celebramos a vida como na cena de Frida Kahlo, onde vivenciamos uma festa dos mortos com música, bebidas e comidas típicas e cenas tensas como a cena de Maria da Penha, que tem forte apelo dramático, (uma das cenas que mais gosto da produção pelo equilíbrio na interpretação de Janete Costa). Outro ponto produtivo é a abertura que o trabalho tem em relação a participação do público na cena, onde em vários momentos mulheres da plateia são convidadas a participar da cena através de olhares, toques, e afetividades como o trançar o cabelo de uma espectadora, marcar a pele com uma pintura, ou até mesmo elaborar uma pintura na cena da Frida, e isso tudo é muito interessante na forma como é conduzida. "Cunhãs" me tocou profundamente de um modo bastante particular pela pesquisa e entrega das atrizes Janete Costa e Raquel Amsberg que estão de parabéns pelo trabalho consistente. A produção trabalha com várias camadas que partem de cenas alegóricas para falar de genero e política mas de um modo teatralizado e ritualístico que em muitos momentos me reporta ao trabalho desenvolvido pelo grupo Ói nóis aqui traveiz, na utilização do canto, do rito, da cena alegórica, do contexto político e nas interpretações exacerbadas, no partilhar de alimentos e bebidas e na celebração do teatro como um encontro verdadeiro de vida e arte. 
Por se tratar de um espetáculo de mulheres fortes "Cunhãs" tem um aspecto negativo que é a presença masculina do ator Gabriel Gonçalves por duas razões: a primeira é que o andamento do espetáculo já estava bastante adiantado e o espectador já estava ambientado com a sequência de história de mulheres e que até então as duas atrizes comandavam a cena, na minha opinião, a presença masculina é dispensável do painel que retrata mulheres, a participação da platéia nas intervenções é de mulheres, e o espetáculo é das mulheres, que a cena em que tanto o mineiro quanto o sindicalista aparece não agrega nada a dramaturgia feminista que o espetáculo prega, penso que Janete e Raquel tem capacidade suficiente para amarrar essa dramaturgia e apenas com suas presenças dar conta de contar a história, e segundo que a presença do ator enfraquece a narrativa pois sua interpretação é dura, enrijecida, forçada o que acaba puxando o tom da encenação para baixo diferente de Raquel e Janete que estão totalmente entregues em suas representações. Sugiro que a direção trabalhe com o ator como conseguir alcançar sutilezas no modo de se expressar, pois assim conseguirá se equiparar ao tom poético que todo o espetáculo consegue alcançar. Outra questão é que o espetáculo é demasiado longo e de como o coletivo possa resolver para conseguir prender a atenção do público durante quase duas horas de encenação. Destaque para a presença de Karine Cunha que com seu canto contagia todos os espectadores, e que quem acompanha seu trabalho sabe que através de seu canto consegue lutar também por todas as mulheres, assim como as mulheres retratadas na peça. Diante de tudo isso, quando tiver a oportunidade, "Cunhãs" merece ser assistido pelo cuidado e profissionalismo da produção e a certeza de que o Coletivo Panapaná é uma das gratas surpresas que surge na cidade de Canoas, o que exalta o bom teatro realizado na cidade que tem como representantes grupos como o "De pernas pro ar", "Grupo TIA", Khaos Cênica, Galegos e Frangalhos e o Panapaná. 


FICHA TÉCNICA:

Elenco:
Janete Costa -   Malala, Maria, Fridinha, Domitila, Mulher 1, Maria da Penha
Raquel Amsberg -  Malala, Frida, Norberta, Capitalista, Maria Degolada, Mulher 2 Sindicalista
Deborah Gonzalez - Político (na cena dos capitalistas)
Gabriel Gonçalves - Sindicalista - mineiro
Direção: Coletiva
Música “Cunhãs”:  Karine Cunha

*Diego Ferreira é Graduado em Teatro/UERGS. Escreve comentários críticos no blog Olhares da Cena. É integrante do Grupo de Estudos em Dramaturgia de Porto Alegre coordenado por Diones Camargo. É jurado e coordenador do Prêmio Olhares da Cena. Foi jurado do Prêmio Açorianos de Teatro em 2013 e 2018. Professor de Teatro na Unisinos e Unilasalle. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

INDICADOS AO 10º PRÊMIO OLHARES DA CENA - 2019



Votaram no 10º Prêmio Olhares da Cena: 
Diego Ferreira
Igor Ramos
José Henrique Alves
e Juliana Johann


MAQUIAGEM

Aline Marques e Eduardo d'Ávila - LÊ BUFE
Elison Couto - MILHÕES CONTRA UM
Fábrica de Experiências - F.R.A.M.E.S
Nina Alves - LEONCE E LENA
Valquiria Cardoso - SOBRE NÓS

DESIGN GRÁFICO

Felipe Brockstedt  - EM CHAMAS
Gilmar Barcarol  - LÊ BUFE
Marina Kerber - ARENA SELVAGEM
O Grupo - 90 CEIAS
Teatro Sarcáustico - A ÚLTIMA PEÇA

FOTOGRAFIA DE CENA

Adriana Marchiori  - INIMIGOS NA CASA DE BONECAS
Adriana Marchiori  - MILHÕES CONTRA UM
Fabricio Simões – 2068
Regina Peduzzi Protskof - A MULHER ARRASTADA
Teatro Sarcáustico - A ÚLTIMA PEÇA

TRILHA SONORA

Caio Amon – 2068
Felipe Fiorenza – LEONCE E LENA
Felipe Zancanaro – A MULHER ARRASTADA
Vitório O. Azevedo – A ÚLTIMA PEÇA
Vitório O. Azevedo - MILHÕES CONTRA UM 

ILUMINAÇÃO

Carol Zimmer – EM CHAMAS
Casemiro Azevedo - MILHÕES CONTRA UM  
Fabiana Santos – 2068
Ricardo Vivian – A MULHER ARRASTADA
Ricardo Vivian - SOBRE NÓS


CENÁRIO

Coletivo Gaivota - SOBRE NÓS
Élcio Rossini - INIMIGOS NA CASA DE BONECAS
Grupo Oazes - MILHÕES CONTRA UM
Jony Pereira - ELAS
Teatro Sarcáustico – A ÚLTIMA PEÇA

FIGURINO

Aline Marques e Eduardo d'Avila - LÊ BUFÊ
Antônio Rabadan – EM CHAMAS
Eduardo Arruda e Carmen Arruda – LEONCE E LENA
Liane Venturella – 2068
Teatro Sarcáustico – A ÚLTIMA PEÇA

ATRIZ COADJUVANTE

Aline Armani – SOBRE NÓS
Bruna Casali – 90 ceias
Elisa Heidrich – ARENA SELVAGEM
Manoela Wunderlich – ARENA SELVAGEM
Marina Fervenza – 90 ceias

ATRIZ
Aline Marques – LÊ BUFE
Celina Alcantara – A MULHER ARRASTADA
Fernanda Petit – FRAMES
Guadalupe Casal – A ÚLTIMA PEÇA
Lisiane Medeiros – MILHÕES CONTRA UM

ATOR COADJUVANTE

Carlos Azevedo – MILHÕES CONTRA UM
Eduardo D’ávila – LÊ BUFÊ
Eriam Schoenardie – 90 CEIAS
Maurício Schneider – 90 ceias
Pedro Nambuco – A MULHER ARRASTADA

ATOR

Caco Coelho – HISTÓRIA DO FUTURO
Frederico Vittola – VELHOS HÁBITOS
Lauro Fagundes – EM CHAMAS
Lincon Spezialli – SOBRE NÓS
Ricardo Zigomático – A ÚLTIMA PEÇA 

DRAMATURGIA

Aline Marques e Eduardo d'Avila - LÊ BUFÊ
Caco Coelho - HISTÓRIA DO FUTURO
Carina Corá – 90 ceias
Diones Camargo – A MULHER ARRASTADA
Frederico Vittola e Thiago Silva – VELHOS HÁBITOS

DIREÇÃO

Eduardo Severino – HISTÓRIA DO FUTURO 
Gabriela Poester – A ÚLTIMA PEÇA
Léo Maciel – SOBRE NÓS
Ricardo Zigomático – MILHÕES CONTRA UM 
Vitória Titton – 90 ceias

ESPETÁCULO
2068
90 ceias
A MULHER ARRASTADA
A ÚLTIMA PEÇA
LÊ BUFÊ




MAQUIAGEM

Camila Falcão - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Coletivo Órbita - MACBETH E O REINO SOMBRIO
Jennifer Ribeiro e Jardel Rocha - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA
Núcleo Teatral – A INCRIVEL VIAGEM DO NAVIO GERINGONÇA
Suzana Machado - DE LA MANCHA – O CAVALHEIRO TRAPALHÃO

DESIGN GRÁFICO / IDENTIDADE VIRTUAL

Ana Paula Decarli - MACBETH E O REINO SOMBRIO
André Varela e Suzana Witt - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Jardel Rocha - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA
Jéssica Barbosa - CHAPEUZINHO VERMELHO
Trupi di Trapu - BANDELE

FOTOGRAFIA DE CENA

Adriana Marchiori  - CHAPEUZINHO VERMELHO
Adriana Marchiori e Tom Peres - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Andréa Seligman e Giuliano Bueno - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIACia Teatro Lumbra - CRIATURAS DA LITERATURA
Estevão Dornelles - MACBETH E O REINO SOMBRIO

TRILHA SONORA

Álvaro RosaCosta – CHAPEUZINHO VERMELHO
Carina Levitan e Guilherme Ceron - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Felipe Zancanaro – A EXTRAORDINÁRIA AVENTURA ROMÂNTICA DE MIRANDA E LÉO LOURIVAL
Pedro Borghetti e Guilherme Ceron- DE LA MANCHA–O CAVALHEIRO TRAPALHÃO
Rafael de Carli - MACBETH E O REINO SOMBRIO

ILUMINAÇÃO

Alexandre Fávero – CRIATURAS DA LITERATURA
Ariel Medeiros - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA
Bathista Freire - MACBETH E O REINO SOMBRIO
Carolina Silva Zimmer - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Thais Andrade - CHAPEUZINHO VERMELHO 

CENÁRIO

Coletivo Órbita - MACBETH E O REINO SOMBRIO
Élcio Rossini - CHAPEUZINHO VERMELHO
José Renato Leão - A INCRÍVEL VIAGEM DO NAVIO GERINGONÇA
Marcos Buffon - O GATO DE BOTAS... E DE BOMBACHAS
Roger Santos - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

FIGURINO

Daniel Lion – ALICE – ALÉM DA TOCA DO COELHO
Daniel Lion - CHAPEUZINHO VERMELHO
Lúcia Machado - DE LA MANCHA – O CAVALHEIRO TRAPALHÃO
Mari Falcão e Camila Falcão - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Jardel Rocha - JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

ATRIZ COADJUVANTE

Alana Souza - A INCRÍVEL VIAGEM DO NAVIO GERINGONÇA
Danuta Zaghetto – EXPEDIÇÃO MONSTRO
Fabiane Severo - CHAPEUZINHO VERMELHO
Janaína Pelizzon - A EXTRAORDINÁRIA AVENTURA ROMÂNTICA DE MIRANDA E LÉO LOURIVAL
Pamela Bratz – JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

ATRIZ

Ana Caroline de David – EXPEDIÇÃO MONSTRO
Alessandra Bier – JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA
Camila Pasa – MACBETH E O REINO SOMBRIO
Laura Hickmann – CHAPEUZINHO VERMELHO
Miriã Possani - A EXTRAORDINÁRIA AVENTURA ROMÂNTICA DE MIRANDA E LÉO LOURIVAL

ATOR COADJUVANTE

Dejayr Ferreira – O GATO DE BOTAS E DE BOMBACHAS
Hamilton Caldas  - A INCRÍVEL VIAGEM DO NAVIO GERINGONÇA
Henrique Gonçalves – CHAPEUZINHO VERMELHO
João Pedro Decarli – MACBETH E O REINO SOMBRIO
Roger Santos – JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

ATOR

Guilherme Fêrrera  - CHAPEUZINHO VERMELHO
Jardel Rocha - JUNHO - UMA AVENTURA IMAGINÁRIA
Lauro Fagundes - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Rodrigo Waschburger - MACBETH E O REINO SOMBRIO
Thiago Silva – ALICE – ALÉM DA TOCA DO COELHO

DRAMATURGIA

Danuta Zaghetto, Fabiana Santos, Luiz Manoel, Sue Gotardo e Thiago Silva – ALICE – ALÉM DA TOCA DO COELHO
João Pedro Decarli - MACBETH E O REINO SOMBRIO
Joel Pommerat - CHAPEUZINHO VERMELHO
Matheus Melchiona e grupo - EXPEDIÇÃO MONSTRO
Thiago Silva - JUNHO - UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

DIREÇÃO

Camila Bauer – CHAPEUZINHO VERMELHO
Lisiane Medeiros – A PRAGA DE UNICÓRNIOS
João Pedro Decarli – MACBETH E O REINO SOMBRIO
Sue Gotardo – ALICE – ALÉM DA TOCA DO COELHO
Thiago Silva – JUNHO – UMA AVENTURA IMAGINÁRIA

ESPETÁCULO

CHAPEUZINHO VERMELHO
DE LA MANCHA – O CAVALEIRO TRAPALHÃO
EXPEDIÇÃO MONSTRO
JUNHO - UMA AVENTURA IMAGINÁRIA 
MACBETH E O REINO SOMBRIO



MAQUIAGEM

Canoas Coletivo de Dança – SAMBARACOTU
GEDA Cia de Dança - AS VEZES EU KAHLO
Macarenando Dance Concept - DAS TRIPAS SENTIMENTO
Muovere Cia de Dança - RE-SINTOS
Projeto GOMPA – FRANKENSTEIN 

DESIGN GRÁFICO / IDENTIDADE VISUAL

GEDA Cia. De Dança - ÀS VEZES EU KAHLO
Jéssica Barbosa - FRANKENSTEIN
Mônica Kern - DAS AMARRAS DELA
Pedro Mancuso – CHOKING
Pedro Mancuso – RE-SINTOS

FOTOGRAFIA DE CENA

Cristina Lima - CHOKING
Gui Malgarizi – ABOBRINHAS RECHEADAS – DANCE A LETRA
Gui Malgarizi - DANCE A LETRA - CAETANO
Lívia Dávalos e Leo Saldanha - CLLÃ
Maciel Goelzer - SAMBARACOTU

FIGURINO

Antônio Rabadan - AS VEZES EU KAHLO
Antônio Rabadan – CHOKING
Antônio Rabadan – RE-SINTOS
Margarida Rache – CLLÃ
Renan Villas – FRANKENSTEIN

CENÁRIO

Alex Sander dos Santos – CLLÃ
Antônio Rabadan – AS VEZES EU KAHLO
Élcio Rossini – FRANKENSTEIN
Luís Cocolichio - DAS AMARRAS DELA
Muovere Cia de Dança – RE-SINTOS

ILUMINAÇÃO

Carol Zimmer – AS VEZES EU KAHLO
Casemiro Azevedo – RE-SINTOS
Gui Malgarizi e Sandra Santos – DANCE A LETRA – CAETANO
Ricardo Vivian – FRANKENSTEIN
Ricardo Vivian – SAMBARACOTU

TRILHA SONORA
Aldo D’Ibaños – CLLÃ
Álvaro RosaCosta – FRANKENSTEIN
Álvaro RosaCosta e Simone Rasslan – SAMBARACOTU
Diego Mac – RE-SINTOS
Thiago Ramil e Loua Oula Djembé – VAGA

BAILARINA
Fabiane Severo – FRANKENSTEIN
Lauren Laurent – CLLÃ
Luciana Dariano – CLLÃ
Juliana Rutkowski - ABOBRINHAS RECHEADAS DANCE A LETRA Roberta Savian – RE-SINTOS

BAILARINO
Alex Sander dos Santos – CLLÃ
Denis Gosch – RE-SINTOS
Diego Mac - ABOBRINHAS RECHEADAS DANCE A LETRA 
Douglas Jung – FRANKENSTEIN
Nilton Gaffree - ABOBRINHAS RECHEADAS DANCE A LETRA

DIREÇÃO

Alex Sander dos Santos e Carlota Albuquerque – CLLÃ
Camila Bauer – FRANKENSTEIN
Diego Mac e Gui Malgarizi – DANCE A LETRA – CAETANO
Jussara Miranda – RE-SINTOS
Maria Waleska van Helden – VAGA –

ESPETÁCULO

CLLÃ
DANCE A LETRA – CAETANO
FRANKENSTEIN
RE-SINTOS
VAGA


Parabenizamos todos os indicados e aproveitamos para pedir o apoio de todos para conseguirmos viabilizar uma cerimônia de entrega dos troféus. Clique no LINK CATARSE e ajude um projeto totalmente independente a sair do papel.

domingo, 12 de janeiro de 2020

PRÉVIA DO PRÊMIO OLHARES DA CENA 2019

É com grande alegria que compartilhamos um breve resumo do que foi o nosso ano de 2019 aqui no Olhares da Cena. Foi um ano cheio de espetáculos de teatro e dança. Em 2019 nosso blog OLHARES DA CENA completou 10 anos de atividades e em nove anos fazíamos uma seleção dos melhores trabalhos da capital e a nível nacional e elegemos os melhores do ano em diversas categorias conforme a opinião do editor do blog. Em 2019 resolvemos fazer diferente para comemorar a data especial: Convidamos três artistas de diversas áreas do teatro e da dança para juntos chegarmos a lista dos INDICADOS DO PRÊMIO OLHARES DA CENA 2019 que será divulgada no próximo dia 15 de janeiro. Nos reunimos no último dia 28 de dezembro para fecharmos a lista final que contou com 63 espetáculos INSCRITOS divididos em Teatro Adulto, Infantil e Dança. Participaram da comissão julgadora os seguintes artistas: Diego Ferreira, Igor Ramos, José Henrique Alves e Juliana Johann. 
Encerramos este ano com a certeza de que tivemos uma vasta produção cênica no estado e a maioria dos espetáculos de muita qualidade e rigor estético, mesmo diante de todo o retrocesso que estamos passando no que tange o campo artístico. 

SAMBARACOTU (RS)


PROVOCAÇÕES ÉTICAS E  ESTÉTICAS EM ESPETÁCULO FORTE DA CANOAS CIA DE DANÇA

Diego Ferreira*

ESPECIAL PORTO VERÃO ALEGRE 2020



"Sambaracotu" traz a mesclagem da dança urbana criando intersecções com procedimentos da cultura popular e sonoridades brasileiras, que pode ser traduzido para o enfrentamento político capaz de revelar provocações éticas e estéticas e até mesmo negociar uma reação capaz de enlaçar a linguagem-ritmo-paisagem-cultura com a desnormatização do corpo, saindo de uma desconstrução do corpo urbano, esfacelado, enrijecido e muitas vezes linear para uma corporeidade tradutora da linguagem popular contemporânea, com gestos plásticos, políticos inseridos no "corpo textualizado", que consegue traduzir conceitos através de uma linguagem física e corporal e não verborrágica. 
O novo projeto da Canoas Coletivo de Dança é uma provocação estética para aqueles que gostam da criação de novos vocabulários corporais. O projeto anterior "Whattsapp para Shakespeare" já trazia uma pesquisa de um corpo hiperconectado diante das comunicações interrompidas, e que trazia um corpo belo, teatral e estilizado e que consegue neste novo projeto ampliar conceitos e a própria pesquisa que coloca a dança urbana em outro patamar, pois a retira do seu lugar comum e amplia possibilidades de exploração de movimentos urbanos aliados a sonoridades brasileiras. A figura da Carlota Albuquerque como provocadora deixa claro a desconstrução dos corpos dos intérpretes-criadores,  que partem de suas experiências com as danças urbanas, cedendo lugar a um corpo que transcende o próprio estilo e alcança um patamar que não se limita a um conjunto de técnicas específicas, mas sim algo contemporâneo que é mais global por causa dos códigos e procedimentos adotados na construção do espetáculo.  "Sambaracotu" é vivo, pulsante, contagiante e conta com um conjunto de 8 bailarinos-criadores-intérpretes que estão excelentes em suas performances, que através de seus corpos evocam e materializam uma múltipla e ampla sonoridade brasileira. E por falar em sonoridade a criação de Álvaro RosaCosta, juntamente com Simone Rasslan mais uma vez é acertada e estão há muito tempo num caminho que criam e produzem trilhas sonoras ou paisagens musicais que extrapolam o próprio conceito de trilha cênica, tamanha é a diversidade, originalidade e qualidade do uso do som na cena. Um estudo profundo e análise do universo sonoro que constituem diferentes intensidades e texturas melódicas e que dialogam e interferem no desenvolvimento da cena. A direção compartilhada destes três profissionais  de alto gabarito, Carlota, Simone e Álvaro faz de "Sambaracotu" um espetáculo com forte teatralidade e ricas sonoridades que dialogam com o nosso tempo, que é um tempo de reinvenção e conexões interculturais, um tempo de descobertas, um tempo de provocar e ser provocado, um tempo de "Samba + Maracatu". O espetáculo ocupou de forma espetacular o pequeno palco do Instituto Ling e soube explorar todo o espaço do palco, corredores e até mesmo o teto com projeções e um cenário criativo de Rodrigo Shalako, e uma nova proposta de iluminação proposta por Ricardo Vivian, que os próprios intérpretes as vezes operavam a iluminação, conseguindo criar uma luz eficiente, assim como os figurinos de Gustavo Dienstmann que tras texturas diferentes para uma mesma cor. Meu único desejo é o de assistir novamente a montagem num espaço mais amplo, pois as vezes tinha a sensação que a potência do espetáculo acabava ficando espremida devido ao espaço pequeno do Ling, mas que não atrapalha em nada na fruição do trabalho, mas apenas uma sensação de ver por exemplo no palco do Teatro Renascença, e ver o espetáculo ganhando outras dimensões e até mesmo os corpos dos bailarinos ganhando outros status. Que a Canoas Coletivo de Dança possa seguir investigando novos procedimentos e encantando platéias.                           
 

Ficha técnica
Direção: 
Carlota Albuquerque, Álvaro RosaCosta e Simone Rasslan
Provocações coreográfica e pesquisa de movimento: 
Carlota Albuquerque
Provocações sonoras, pesquisa e composição musical: Álvaro RosaCosta e Simone Rasslan
Intérpretes criadores: 
Carini Pereira, Carol Fossá, Danielle Costa, Leslie Taube, Leonardo Patro, Roberto Mendes, Tiago Ruffoni e Tom Peres
Consultoria e curadoria de linguagem: 
Eliane Marques
Desenho de luz  e projeção: 
Ricardo Vivian
Figurinos: 
Gustavo Dienstmann
Cenário: 
Rodrigo Shalako
Cenotécnico: 
Paulo Pereira
Direção de produção: 
Cris Pereira
Artista colaboradora: 
Joana Willadino
Intercâmbio artístico: 
Renann Fontoura
Letristas: 
Ronald Augusto, Danielle Costa, Leandro Maia
Músicos convidados: 
Daniela Luz, Beto Chedid e Yago Lima
Produção: 
Canoas Coletivo de Dança
Apoio: 
Colégio Rondon, Studio Spasso, Sala Terpsí

*Diego Ferreira é Graduado em Teatro/UERGS. Escreve comentários críticos no blog Olhares da Cena. É integrante do Grupo de Estudos em Dramaturgia de Porto Alegre coordenado por Diones Camargo. É jurado e coordenador do Prêmio Olhares da Cena. Foi jurado do Prêmio Açorianos de Teatro em 2013 e 2018. Professor de Teatro na Unisinos e Unilasalle.