domingo, 14 de julho de 2013

LIQUIDAÇÃO (RS)


LIQUIDAÇÃO GRATUÍTA 

O espetáculo “Liquidação” está em cartaz dentro do projeto Teatro Aberto, que tem recebido propostas teatrais que tem foco na experimentação da linguagem teatral. “Liquidação” é um trabalho que se encaixa perfeitamente no projeto, pois está alicerçado no experimento de linguagens teatrais. Mesmo sendo apresentado como experimento, o trabalho não apresenta uma proposta clara e acaba se perdendo num emaranhado de situações e clichês que não conseguem se sustentar enquanto proposta teatral calcada na performance. 
Quando adentramos no teatro, o espaço nos oferece um ambiente convidativo, uma passarela que tem um céu repleto de pontos coloridos suspensos. No espaço também estão inseridos o iluminador, o técnico de som e vídeo que interferem na ação. 
Não pretendo categorizar “Liquidação”, dizendo se é experimento, teatro, performance, pós-dramático, instalação ou tudo isso ao mesmo tempo, mas enquanto acontecimento espetacular “Liquidação” não acontece e não me provoca enquanto espectador, pelo contrário, é um experimento cansativo. A estrutura fragmentada se utiliza de elementos batidos como o vídeo, farinha, água, chicletes, explosivos, que são apenas lançados em cena, mas que nada significam, pois esses elementos deveriam ser potencializados e re-significados dando um novo sentido à cena. Mas o problema nem são os elementos utilizados em cena, mas a concepção e os intérpretes, que para um trabalho como esse precisariam de uma disponibilidade corporal mais apurada, mais presença em cena, independente do que está se propondo. Seus corpos exibem ações banais, suas máscaras não exprimem absolutamente nada, e algumas expressões soam pedantes. Digo tudo isso por que o performer é o centro da ação, pois o drama inexiste, não há conflitos narrativos, e há poucos textos, que quando vem a cena são truncados e inexpressivos. 
O que falta no trabalho é o elemento surpresa, pois as ações são repetitivas e lineares, por exemplo: um performer atravessa a cena desfilando, o próximo faz a mesma ação, mas nada acrescenta e assim sucessivamente. A única surpresa é o momento em que o primeiro chiclete é arrancado e ingerido, mas depois se segue na mesma linearidade que acompanha todo o trabalho. E eis que me vem à questão: O que está na vitrine em liquidação? Não consegui descobrir.

Direção 
Maurício Casiraghi.
Elenco 
Diego Nardi, 
Gabriela Chultz, 
Genises Azevedo e 
Talyta da Rosa.
Iluminação 
Lucca Simas